Posted on: julho 10, 2023 Posted by: EUEARTE Comments: 10

Uma das grandes artistas vanguardistas da década de 60 – Cybèle Varela está com uma nova exposição na cidade de São Paulo – Cybèle Varela. Imaginários Pop – reúne uma seleção das pinturas e objetos mais emblemáticos da artista brasileira naquele período e fica em exposição no MAC/USP até o dia 1º de outubro.

A artista, que atualmente está com 80 anos, é a única mulher viva do movimento Figuração Narrativa. Em 1967, no auge da ditadura militar, teve uma de suas obras (O Presente), censurada antes do início da IX Bienal Internacional de São Paulo. Esta obra destruída foi refeita em 2018 e faz parte da presente exposição. A carreira de Cybèle começou no Brasil nos anos 60 e segue em Paris nos anos 70. Varela participou de centenas de salões, exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior: França, Alemanha, Itália, Estados Unidos, Inglaterra, Suíça, Bélgica, Espanha e Japão.

Nesta nova exposição, os trabalhos procedentes da coleção do próprio museu e de acervos públicos e privados destacam o papel desempenhado pela cultura de massa, questões sociais e políticas, bem como as experiências transnacionais na realização da produção inicial de Varela; uma obra pioneira das questões feministas e que contribuiu para os discursos artísticos brasileiros e internacionais da Pop Art e Nova Figuração até a Figuração Narrativa. No total são 11 obras, sendo 3 delas trípticos (um conjunto de três pinturas unidas por uma moldura tríplice).

A curadoria fica a cargo de Ana Magalhães, diretora do museu que recebe a mostra e da historiadora da arte Ariane Varela Braga. Segundo elas, o ano de 1967 foi um momento significativo para a artista, quando o MAC-USP lhe concedeu o importante prêmio da exposição “Jovem Arte Contemporânea”. Cybèle Varela. Imaginários Pop tem como ponto de partida os dois trípticos de Varela pertencentes à coleção do museu paulistano: De tudo que pode ser (1967) e Cenas de rua (1968). Sobre o primeiro, ganhador do prêmio JAC, a artista explica que vinha explorando a questão da transformação, de tudo que pode vir a ser. “Numa sequência quase cinematográfica, pintei uma moça atravessando a rua e cruzando com algumas freiras; e, no momento do cruzamento, elas trocam de roupa. A moça veste a saia longa do uniforme religioso e as freiras a minissaia, que estavam na moda no período”.

Segundo as curadoras, nestes trabalhos, e em seus outros objetos em forma de caixa, quebra-cabeças e pinturas em madeira, a artista explorou a representação do ambiente urbano, tingida de crítica social, questões de gênero e ironia. “As obras são frequentemente definidas por linhas geométricas – como travessias para pedestres ou luzes e sombras – que marcam e estruturam o espaço de forma enigmática”, ressalta a dupla.

Mais sobre a artista

Cybèle Varela (Petrópolis – RJ, Brasil, 1943) viveu entre o Brasil, Paris, Genebra, Roma e Madri. Sua carreira começou no Brasil nos anos 60 e segue em Paris nos anos 70. Em 1975, foi a única artista mulher selecionada para a exposição itinerante pela França 30 Créateurs – Sélection 75, juntamente com Lindstrom, Pierre Soulages, Arman, entre outros. Com seu trabalho muito elogiado por críticos como Pierre Restany. Suas obras fazem parte dos mais importantes acervos privados e públicos, entre os quais: Reina Sofia (Madri, Espanha), Centre Georges Pompidou (Paris, França), Art Museum of the Americas (Washington D. C., EUA) e, no Brasil, além do MAC-USP, MASP, MAM-SP; MAM-RJ, entre outros.

Sobre as curadoras

Ana Magalhães é historiadora da arte, curadora, professora e atualmente diretora do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP). Especialista em arte do século XX, em particular da modernidade nas artes visuais, seguindo uma abordagem transnacional.

Ariane Varela Braga é historiadora da arte e curadora independente. Interessa-se pelas intersecções entre as artes visuais, a arquitetura e a cultura material, desde o século XIX até à atualidade, numa perspectiva transnacional.

Livro: Cybèle Varela. Trajetórias

Paralelamente à exposição, está sendo realizada uma pré-apresentação do livro “Cybèle Varela. Trajetórias” pela editora italiana Silvana Editoriale (bilíngue inglês/português, 256 paginas). O volume, organizado pelas curadoras da exposição, Ana Magalhaes e Ariane Varela Braga, reúne ensaios e entrevista que lançam nova luz sobre o momento da aparição de Varela no cenário artístico nos anos 1960 no Brasil e nos anos 1970 na França. No dia 1º de julho haverá um cadastro para os interessados adquirirem a obra.

Entre os textos, enquanto Magalhães traz “Cybèle Varela no acervo do MAC USP”, Paulo Miyada intitula seu ensaio de “Do que se encerra em nosso peito juvenil”. Já Camila Bechelany, em “De tudo aquilo que pode ser”, investiga a transição e liberdade na obra de Varela, e Rosa Olivares “A fotografia como ideia”. Por sua vez, Carolina Vieira Filippini Curi em “As mulheres de Cybèle” reflete sobre as representações do feminino nos anos 1960 e no presente; e Isabella Lenzi e Yuji Kawasima apresentam uma entrevista com a artista, “Ninguém me deu carona”.

Edição de múltiplo pela Carbono Galeria

Para a galeria especializada na produção de múltiplos de artistas, Cybèle Varela recria uma de suas obras originais perdida, Um passeio feliz 2, 1970 –(madeira e impressão UV sobre PS, 62x62x4cm, Edição de 10 + 2 PA). O original deste objeto quebra-cabeça foi feito em 1970, e faz parte de uma série de objetos do mesmo tipo, de dimensões variadas, que a artista produziu a partir do final dos anos 60. Estes quebra-cabeças dialogam diretamente com as formas e figuras que ela pintava sobre grandes painéis de madeira, como os trípticos da coleção do MAC-USP.

Exposição: Cybèle Varela. Imaginários Pop
Até 1º de outubro de 2023

MAC-USP
Av. Pedro Álvares Cabral, 1301 – São Paulo-SP, Brasil
Horário de funcionamento:
Terça a domingo das 10 às 21 horas
Segundas: fechado
Entrada gratuita.

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